quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

As dificuldades fazem o Oficina de Notícias

A partir do III semestre, os estudantes do curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, passam a cursar a disciplina Oficina de Impresso I, onde eles percebem na prática, como é uma redação de jornal impresso. Com a produção de um jornal laboratório, Oficina de Notícias, esses estudantes tem contato com os diversos contra tempos que existem na profissão, e de uma hora pra outra tem que aprender a lidar com eles.
São muitas as dificuldades enfrentadas pelos futuros jornalistas, e a principal é a pouca experiência com as técnicas empregadas nos textos. Com a turma 2008.1, essa dificuldade foi ainda maior, pois o conhecimento foi adquirido juntamente com a prática, o que atrasou um pouco a confecção dos jornais. A maioria dos estudantes tinha experiência com textos mais subjetivos, como é o caso de Larissa Caldeira, que diz que sempre escreveu com uma linguagem mais poética e tem mais afinidade com crônicas, letras de músicas, gêneros literários, e a partir do momento que se viu diante da pauta de um texto que teria que ser objetivo e imparcial, sentiu a pressão da futura profissão. O que aconteceu com Larissa abrangeu outros colegas que tinham blogs e já acostumados em expressar suas opiniões e mostrar suas visões à respeito dos assuntos abordados, tiveram que aprender na marra à “informar sem tomar partido”. Porém, o Oficina de Notícias também traz um encarte, Engrenagem, onde os alunos podem escrever artigos e crônicas, e fazer valer seu lado subjetivo, sem deixar o informativo de lado.
Além da dificuldade com as técnicas, há também o tempo que parece correr contra o jornalista. Estipular datas para a entrega de pautas, de matérias, de fechamento do jornal, é uma prática habitual que deve ser absorvida pelo estudante, mesmo que para isso ele tenha que esquecer toda acomodação dos dois primeiros semestres, como conta Érian Naínna ao afirmar que essa correria de marcar entrevistas, encontrar fontes, enfim, toda essa adrenalina, é o que ela realmente adora. O cumprimento de data é o que aflige muitos estudantes no começo da disciplina, mas com o passar do tempo, o hábito se torna algo natural, e a fixação de prazos se torna essencial na carreira.
Outra dificuldade que atormenta a mente dos futuros jornalistas são as pautas indesejadas. Infelizmente, nem sempre a pauta que lhe é oferecida é aquela que você tem afinidade com o tema ou que pertença ao seu “universo”, e isso pelo menos no início, dificulta o processo textual, pois muitas vezes a falta de interesse do repórter impede que a reportagem saia como o desejado. Contudo, segundo o estudante Patrick Moraes, com o passar do semestre as pessoas ficam mais compreensíveis em relação às pautas, e buscam conhecer o tema, mesmo que não seja algo atraente para eles. Essa atitude prepara os estudantes para o mercado de trabalho, que será o local onde muitas vezes, os temas são impostos e o profissional tem que escrever mesmo sem ter qualquer afinidade com o assunto. Há também o outro lado da moeda, onde os estudantes tem que escrever sobre temas que eles são extremamente ligados, mas que no processo textual eles tem que buscar a imparcialidade que é um dos objetivos do jornalismo. Essa objetividade permite que o leitor se sinta livre para tirar suas próprias conclusões à respeito do tema.
Durante a produção do Oficina de Notícias há também o fato das pessoas terem que lidar com as diferenças comportamentais dentro da própria redação. A dificuldade de aceitar as críticas impede que o andamento do jornal seja tranqüilo. Essa dificuldade se prende ao fato das pessoas até então não terem seus textos expostos e, consequentemente, criticado pelos colegas. O fato é que as críticas, em geral, são construtivas e devem ser aceitas como uma forma de amadurecimento profissional por parte dos estudantes.
Os editores também sofreram com essa nova experiência. Raisa Casemiro, primeira editora-chefe da turma 2008.1, afirma que a maior dificuldade que ela presenciou foi a falta de comunicação entre os colegas, que muitas vezes desistiam da pauta sem avisar à ela ou ao professor, ocasionando uma desordem na produção do Oficina. Outra dificuldade dos editores foi exposta pela aluna Lailla Mendes ao contar que o processo de cortar um texto que não é seu, é muito difícil, pois é a opinião de outra pessoa que está contida na reportagem, e muitas vezes ao editar, o texto perde a intenção do repórter. O fato de não ter um diagramador e um fotógrafo na turma também dificultou a produção do jornal, pois os estudantes tiveram que manter a mesma diagramação do Oficina da turma anterior, o que causou uma certa decepção coletiva, mas nada que impedisse que essa turma desse uma cara diferente ao jornal.
Enfim, visto como uma experiência decisiva para os estudantes do curso de jornalismo da Uesb, o Oficina de Notícias é a prova de que mesmo com todas as dificuldades é possível fazer um projeto que atenda às expectativas tanto dos estudantes, como da comunidade à qual o jornal é destinado.

por Marcelle Nascimento

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